quarta-feira

Um prazer Imune ao passar do Tempo



Dança de salão traz inúmeros benefícios a corpo e mente dos mais velhos

Deise Machado
Agência BOM DIA

Recentemente, o filme “Chega de Saudade”, da diretora Laís Bodanzky, levou para as telas o universo dos salões de baile, um universo habitado por homens e mulheres com muitas histórias para contar e por um clima de doce nostalgia.

Em entrevista, a diretora contou que o salão mostrado em sua obra é povoado de gente mais velha, mas lembrou que dançar a dois é “um prazer de todas as idades”, principalmente no Brasil.

Verdade. Assim como é verdade também que para os idosos, o “cheek to cheek” tem uma atração e um leque de benefícios especiais.

“Melhora muito a auto-estima”, diz o professor de dança Maia Júnior. E ele sabe do que está falando. Há anos ministra aulas de dança de salão para turmas de alunos na faixa dos 50 aos 80 anos de idade.

São homens e mulheres (mais mulheres) que vão buscar na dança desde uma forma de atividade física até a realização de um sonho ou a fuga da solidão. “A dança de salão permite interagir com o outro. Pessoas mais idosas costumam se sentir sozinhas. Dançando, se sentem menos”, observa.

Além de melhorar a auto-estima e amenizar a solidão, rodopiar a dois também colabora com a postura e com problemas de insônia, melhora a circulação sangüínea, a respiração e faz um bem danado às articulações.

“Eu e minha esposa queríamos fazer uma atividade física. Resolvemos dançar. Tem coisa mais gostosa que dançar?”, resume Claudinei Zanellatt, 54 anos. A dança, revela, trouxe mais entrosamento e alegria ao relacionamento do casal. Além, é claro, de uma queima maior de calorias, brinca. O aposentado conta que, a cada quinze dias, tira a noite de sábado para praticar com a mulher em um clube onde se reúnem pessoas de sua faixa etária. “Dançar é uma gostosura”, entusiasma-se.


Talento


Mas dançar a dois é fácil, exige talento? “Não, não exige”, diz Maia Jr. Necessário mesmo é ter vontade de dançar e corpo e mente em sintonia. Ou como define o professor, “estar biodisponível”. O resto é deslizar despreocupado pelo salão.

Quanto às preferências de seus alunos, Maia revela: é do tango que eles gostam mais. Ou, pelo menos, a maioria deles gosta mais. Seu Claudinei e a esposa Mércia, por exemplo, animam-se mesmo é com o forró.

O dançarino e professor define o tango como um ritmo mais complicado, dos mais difíceis de aprender. Mas nem isso, acrescenta, é capaz de desanimar o pessoal. “Acho que tem o aspecto da sensualidade envolvido, mas o que mais influi mesmo nessa paixão pelo tango é o cinema”, finaliza.

Você sabia que:

A dança de salão foi introduzida no Brasil em 1914 pela suíça Louise Poças Leitão? Pois é... Fugitiva da 1ª Guerra Mundial, a moça aportou no Brasil, mais especificamente em São Paulo e, como precisava sobreviver, passou a dar aulas de valsa, mazurca e outros ritmos que viraram tradicão para a sociedade paulistana da época.

Fonte: Revista Dança e Cia, edição 10-Ano II-nº4
Jornal Bom Dia

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