terça-feira

O Estatuto Implícito da Dança




Publicado por Carol Pin Up em 23.2.2010

1. (Verdadeiros) amantes da dança de salão frequentam o baile com um objetivo primordial: experienciar uma boa dança.

2. Tratam-se por dama e cavalheiro. Cavalheirismo é mister neste contexto. O cavalheiro deve convidar a dama para dançar estendendo-lhe a mão. Esta deve aceitar a dança segurando-a e dirigindo-se até o local escolhido no salão.

3. Aceita-se a dança não pela beleza ou porte atlético do cavalheiro, e sim por educação ou por sua habilidade na dança. A dama pode recusar a dança desde que seja simpática e não constranja o cavalheiro.

4. A dama deve ser conduzida. Deve se deixar conduzir. Aceitar a mão firme em sua cintura, em sua mão. Não acelerar. Não retardar o passo. O cavalheiro pensa no passo a ser feito e em como conduzi-la para isso. Se entender o que o corpo dele quis dizer, ela o segue. Se a dança é bonita de se ver, fluida, há entrega da dama e firmeza do cavalheiro.

5. Nenhuma palavra é trocada. “Gire para lá” ou “agora eu vou te jogar”. Isso é proibido e desnecessário. A condução é no corpo. Entendimento de pernas, passos, mãos, respiração, pele.

6. Cavalheiros gostam e precisam de entrega. Mas não gostam de damas que despencam em seus braços, como se não sustentassem sozinhas o peso do próprio corpo. Ninguém gosta de uma dama que precisa ser arrastada. A dança fica estranha, pesada, trabalhosa para o cavalheiro.

7. Uma dança fluida é aquela em que os dois parecem voar e ainda assim sustentar o peso dos próprios corpos. Entrega, proteção e autonomia na medida certa. Condução firme e segura é imprescindível.

8. Damas gostam de respeito na dança. Dança é dança. Flerte, chamego, cantada, tudo isso é válido e tem lugar: fora do salão. Mãos nos lugares certos. Regra importante.

9. Aceitar a condução não é sinônimo de submissão. Pelo contrário, é ter escuta afinada, escuta de seu corpo e do corpo do outro. Liberdade de ler o outro, brincar de saber ler nas entrelinhas do compasso e obedecer, se divertindo.

10. Não adivinhar o passo é uma regra importante. Há milhares de combinações de passos. A dama deve se preparar para ser surpreendida. Não há combinação previsível. Se houvesse, a dança perderia a graça. E ela seria a primeira a bocejar no salão.

11. Acabada a primeira música, o cavalheiro deve conduzir a dama novamente pela mão, até onde a convidou para dançar. Ou, caso tenha gostado muito da dança, continuar dançando.

Carol Pin Up tem formação em psicanálise e pesquisa musical. Trabalha com personalização musical de restaurantes, lojas, hotéis, eventos e festas. Escreve para o blog Pin Up Music Branding.

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