segunda-feira
Carlinhos de Jesus: A dança de salão no Brasil
Rio - O ser humano está sempre em movimento: corre, anda, senta, levanta, abraça e, desde a antiguidade, quando quer expressar emoção, dança, seja para comemorar boa colheita, evocar o Deus da Luta ou louvar os espíritos. A partir de suas inúmeras vertentes, a dança traça a identidade, cultura e costumes de um povo. Há danças de Guerra, de Luto, para Rituais, Competitivas e as Danças Sociais, praticadas nos salões nobres da Europa. Esta dança — também chamada de Dança de Salão — é até hoje usada nas confraternizações, comemorações e encontros sociais.
Nos séculos passados, a dança era praticada em grandes salões, pois as evoluções coreográficas requeriam grandes espaços. As damas rodopiavam com seus figurinos bem rodados e enfeitados e os cavalheiros lhes faziam a corte ao som de polcas e valsas. A Corte Portuguesa, por volta do século XVI, trouxe da Europa professores para manter a tradição e atualizar os passos de suas danças, em aulas tanto para a corte como para o povo brasileiro. Com isto, a dança tomou um rumo bem diferente no Brasil, misturando-se às danças indígenas e africanas e desenvolvendo estilo próprio.
Com a habilidade e capacidade criativa daqui, surge a primeira dança genuinamente brasileira, o maxixe, que tem influência europeia (polca), mas torna-se uma dança imoral, indecente, tendo sido até excomungada pelo Papa da época. Destaca-se nela o passo ‘Balão Apagado’, em que o casal dança com corpos colados e girando.
Muitos anos se passaram, muitas danças evoluíram, outras foram criadas, preconceitos foram superados e hoje podemos dizer que as danças de salão têm uma grande importância na vida cultural brasileira. É uma atividade não só social, mas também profissional. Recentemente, saiu dos salões e está presente em grandes produções de cinema e TV. Criam-se novas formas, adaptações são feitas adequando-a às mudanças e demandas de seu crescimento e isso possibilita a incorporação da Dança de Salão ao mundo das artes. Há quem não goste, mas a atividade é considerada terapia, antídoto para vários males da saúde. Previne doenças articulares, respiratórias e circulatórias, eleva a autoestima, libera hormônios responsáveis pela hidratação da pele e pela libido. Dançar faz bem à saúde.
Há muitos anos havia cartazes pela cidade que diziam: “Quantas oportunidades você perdeu por não saber dançar”. Nunca uma frase de um cartaz antigo foi tão atual, pois posso dizer, de cadeira, o quanto a dança pode fazer pelas pessoas, melhorar suas vidas. Temos no Brasil enorme concentração de ritmos e danças. A dança acalenta, abraça, afaga o corpo e a alma.
Carlinhos de Jesus é dançarino, coreógrafo e diretor artístico do Lapa 40°
Fonte da Notícia - Jornal O DIA - Clique aqui
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