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A Diversidade da Dança


por Ely Diniz da Silva Filho

Dia 15 de julho! Esta é a data da abertura do Festival de Dança de Joinville. Pela 27ª vez, acontecerá mais uma edição deste que é o maior e um dos mais importantes eventos de dança do mundo. Nesse longo período, o festival passou por muitas transformações, algumas turbulências, mas sempre seguiu em frente, crescendo em quantidade de participantes e em qualidade.

Desde 1987, tenho participado da realização do festival, prestando serviços que começaram com trabalhos de divulgação de imprensa, passando por várias atividades administrativas. Mais recentemente, a partir de 2007, na presidência do Instituto Festival de Dança de Joinville.

Nesses anos, testemunhei uma mudança significativa do conceito dos catarinenses em relação aos bailarinos e demais participantes do festival. Lembro que em 1998, quando um bailarino foi estampado no cartaz do evento, houve muita discussão na imprensa, principalmente nos programas de rádio, com piadinhas e brincadeiras de mau gosto sobre a sexualidade do personagem.

Isso se repetiu em outros anos em que apareciam homens, com as mesmas brincadeiras e piadinhas. O mundo da dança, infelizmente, sofre de um grande preconceito junto à opinião pública. Principalmente os do sexo masculino, que são vistos com um misto de admiração, pela beleza do gestual da dança, e de preconceito.

Tenho dito e repetido que se Joinville quer efetivamente ser reconhecida como uma cidade-referência na área cultural, fazer jus ao título de Cidade da Dança, tem que estar aberta à diversidade que invade a cidade durante o festival. Felizmente, a esmagadora maioria dos joinvilenses recebe o público da dança de forma calorosa e respeitosa. E os bailarinos se sentem muito bem em Joinville.

Respeito. Essa é a virtude que deve moldar todos os nossos atos frente a situações que confrontam os nossos valores. Podemos até não entender o que vemos e ouvimos, mas devemos respeitar o direito de qualquer um manifestar o seu comportamento social.
O Festival de Joinville está apoiando as apresentações de dança na Semana da Diversidade.

A Fundação Cultural foi corajosa e firme ao encampar e viabilizar essa ideia. As novidades muitas vezes só são compreendidas com o passar do tempo. Confesso que me surpreendi com uma certa comoção que tomou conta da cidade, com cartas e artigos virulentos de joinvilenses nos jornais, tanto no ataque – aparentemente maioria – quanto na defesa da realização da Parada da Diversidade.
A celebração da diversidade acontece há algum tempo nas principais cidades do mundo. Até parece que isso é invenção daqui. Joinville, tida como a maior cidade de Santa Catarina, com ares cosmopolitas, não pode se fechar às mudanças.

Insisto que só poderemos ser um polo turístico-cultural se tivermos moradores que tenham a mesma sensibilidade daqueles que nos visitam. Não se trata de aprovar ou desaprovar comportamentos que diferem dos nossos, mas respeitar as diferenças. Uma das belas frases do grande pensador francês Voltaire exprime isso: “A primeira lei da natureza é a tolerância – já que temos todos uma porção de erros e fraquezas”.


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